sábado, 18 de março de 2017

Baratas do Rio de Janeiro - Sobre a classificação dos insetos

Olá César, tudo bem? Quando criança costumava estudar entomologia pelos livros antigos do meu pai e sempre gostei de insetos, mas acabei estudando apenas coleópteros. Quando encontrei essas baratas no sítio, em Miguel Pereira - Rio de Janeiro, fiquei curioso quanto a sua classificação e fui procurar. Tamanha era minha desatualização que ainda procurava esses insetos na ordem orthoptera... Descobri agora que possuem ordem própria e são mais próximos dos cupins do que se imaginava (antigos isópteros, certo?). Além da identificação, pode me falar um pouco sobre isso? Agradeço desde já e desculpe pela qualidade ruim das fotos!
Felippe Luiz.
Duas baratas muito bonitas, Tribonium sp. (Blaberidae: Zetoborinae) e Panchlora sp. (Blaberidae: Panchlorinae).

Não sei falar muito sobre isto, mas não existe consenso. A divisão da ordem Orthoptera me parece algo bem mais antigo, a inclusão dos cupins em Blattodea (ou Blattaria) algo muito mais recente. Todavia, como dito, não há consenso, você poderá encontrar ainda hoje pessoas tratando baratas, gafanhotos, bichos-pau e louva-a-deus como ortópteros, de modo que classificar assim, pode não ser só uma questão de ter aprendido com fontes antigas, mas simplesmente de quem se segue. Hoje, há quem considere a ordem Dictyoptera (superordem para a maioria e ainda homônimo de um gênero de besouros), que reúne baratas, louva-a-deus e cupins como subordens desta ordem. Em níveis mais baixos, é mais comum ainda, o que é família para uns, ser subfamília pra outros, o que é subfamília pra uns, ser tribo pra outros, o que é tribo pra uns, ser subtribo pra outros. Há casos ainda em que o mesmo grupo é subfamília, tribo e subtribo, dependendo do autor (imagine o quão difícil é tentar organizar o Insetologia!).

A grande "revolução" nos sistemas de classificação me parece estar baseada nas análises filogenéticas moleculares, utilizando o DNA para determinar o histórico evolutivo destes grupos, ao invés de apenas caracteres morfológicos, como feito antigamente. Isto foi o que fez determinar que certos grupos incluíam organismos não tão aparentados quanto se pensava (polifiléticos; como Loris e Tarsius), enquanto outros excluíam organismos aparentados (parafiléticos, como Heterocera, mariposas, excluindo borboletas). Agora me faltam fontes, mas da mesma forma que se tem considerado a semelhança genética como o determinante, atribuindo a semelhança morfológica a outros fatores (evolução convergente) há também quem questione alguns resultados da classificação, atribuindo a semelhança genética a outros fatores. Me faltam fontes também, mas alguns já acreditavam que baratas e cupins eram intimamente relacionados (veja este cupim).

Em grande parte, as classificações antigas podem demorar muito a cair em desuso, por razões didáticas, como separar borboletas (este sim, grupo monofilético) e mariposas (parafilético).

Nenhum comentário:

Postar um comentário