segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Especial de Fim de Ano: Os Erros de Identificação. Nem besouros nem vespas, Moscas soldado!

     Este foi um caso bastante interessante, onde eu errei na identificação de larvas e um erro conduziu a outro. Estou publicando aqui parte da discussão.
     Em novembro, eu recebi este pedido de identificação:

O que é isso?
Bom dia,
Moro em Manaus, no quarto andar de um edifício, e não sei se pode ter relação mas houve desmatamento na área há alguns meses pois estão construindo dois prédios atras do meu (nada muito grande e nao tem grandes áreas verdes próximas). Estes bicho aparecem ha 2 dias na cômoda do quarto que fica embaixo da caixa do condicionador de ar, já são 11 no total, e parecem ter hábitos noturnos. Estou enviando a foto, elas tinham em media 2-3cm e o corpo peludinho.
No prédio também tem vários pombos.
Estou preocupada pois é o quarto das minhas filhas, nao sei se tem algum veneno e parecem larvas de um bicho maior ...
Desde de já agradeço, Luciana.

Para ver a identificação errada

     As larvas não só eram muito semelhantes com as larvas de besouros do gênero Attagenus, como também o fato de terem sido encontradas dentro de casa indicava isso, já que esta é uma praga conhecida de residências, eu diria que principalmente no hemisfério norte, vejam uma imagem AQUI.

No começo deste mês, a Luciana me enviou esta resposta:

Luciana: Bom dia César,
Acabei "guardando" as larvas e esta semana tive esta surpresa ... Não estou bem certa mas acho que são o que chamamos aqui de caba (vespa). Bom ainda bem que sumiram do apartamento rsrs
Luciana

Cesar: A minha resposta foi que, se tivessem nascido borboletas, gafanhotos, seria realmente muito estranho. Mas sendo vespas, estava claro o que tinha acontecido. Vespas parasitas! Mas como estas não se pareciam com nenhuma vespa parasita que eu conheço, sendo as mais parecidas as Orussidae, que era certo que não eram, então pedi ajuda para quem realmente entende de vespas, antes de postar qualquer coisa.

Eduardo FoxOlá Cesar,
Estou achando que as imagens parecem muito com de alguma mosca, vide link AQUI
Inclusive porque as vespas parasitas que eu conheço que atacam imaturos de besouros são bem pequenas, este inseto aí parece grande!
Realmente fiz uma busca por larvas de Attagenus e acho que poderia facilmente ser confundida com uma pupa móvel de Diptera.
Sou ruim com moscas, mas ainda estou tentando... Quando conseguir te respondo.
Abraço!

Cesar: Devo dizer que fiquei com uma "pulga" atrás da orelha, mas certamente a resposta seguinte foi definitiva:

Eduardo Fox: Olá Cesar,
Um colega ajudou online na família, rapidinho. Olhei exemplares da família com mais calma na América do Sul, e agora acho que matamos a identificação, vide link AQUI.
O que acha? Me parece muito próxima.
Logo, eu acho que é Hermetia sp.
Grande abraço!

Cesar: Sem dúvida alguma, o quebra-cabeças foi resolvido. Nem besouros nem vespas, mas moscas-soldado Hermetia sp. (Stratiomyidae, Hermetiinae), como este site AQUI as chama, inclusive nos dando imagens muito parecidas e esclarecendo que são inofensivas. A Luciana já havia observado que as larvas pareciam maiores desde o começo, peço desculpas à Luciana pelo erro, e devo dizer agora que, de fato, a última foto mostra claramente a carinha de moscas dela!
     Das espécies registradas AQUI, certamente não se trata de A illucens e nem A. pulchra, que possuem muitas imagens na internet. A minha aposta fica em A. albitarsis, pois seus tarsos são brancos como o nome sugere (assim como A. illucens que, porém, tem o corpo todo preto) e por que parece estar presente nesta região baseado neste registro.
     Curiosamente, larvas de Hermetia são também importantes para a medicina forense conforme registrado AQUI.

Eduardo Fox: Identificar larvas é muito díficil, somente me arrisco em formigas!..
Nao sei preocupe, "isso ocorre nas maiores famílias", fazendo um trocadilho...
Eu nao me arriscaria tentando identificar larvas.... nem mesmo lagartas (tirando as mais famosas)... Pode apostar que as larvas de 70% dos insetos sao desconhecidas, e muitas se parecem e faltam livros para auxiliar. Facilmente pode-se errar mesmo a ordem.

Cesar: Agradeço de coração aos biólogos Eduardo Fox e Amir Weinstein pela grande ajuda. É errando que se aprende!
     Novamente, um ótimo 2013 a todos!

Eduardo Fox: Muito legal o post, ainda não tinha lido aqui... Muito instrutiva a forma transparente com que vc conta o processo!
Devo ainda acrescentar que foi difícil de "matar" essa charada... mas imaturo é muito complicado mesmo, e fica o incentivo a qualquer entomólogo passante: descrevam bem os imaturos!
Obrigadão e abraço!!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Especial de Fim de Ano: Como Tudo Começou

Eu sempre tive curiosidade por animais, algo bem natural. Desde criança, me lembro de quando pedi um livro de biologia para o meu primo, onde conheci as primeiras classes e ordens. Longe da internet, crianças, era assim que fazíamos, liamos muitos livros, íamos a bibliotecas. Outra coisa que lembro com muita saudade, eu que ainda não entrei na casa dos 30, de um tempo em que colecionávamos figurinhas de chiclete Ping Pong, ou de chocolates Surpresa, com fotos de bichos e seus e nomes científicos, além de no segundo, curiosidades sobre os bichos, bem diferente de hoje em dia, quando crianças colecionam "cards" de desenhos onde os protagonistas pegam bichos na natureza e treinam para rinha. Foi este o meu curso básico de INSETOLOGIA.

Mas a pós-graduação mesmo, veio quando, já com acesso à internet, em Agosto de 2011, conheci o What's That Bug? - Insect Identification, e enviei as imagens de algumas criaturinhas que encontrei, no lugar onde acabava de me mudar.
 

As criaturas eram soldadinhos (Membracidae), vivendo em harmonia com formigas. Foi aí que eu vi o quanto a internet poderia ser útil nesta área. Quantas fontes, quantas referências, milhares de livros. Mas não demorou muito pra eu ver que a maioria esmagadora era em inglês, falando de criaturas nativas do hemisfério norte. E que a informação no Brasil estava quase que totalmente restrita a PDFs em linguagem técnica. Um ano depois, já tendo aprendido direitinho como se faz, e tendo eu mesmo identificado os membracídeos como Enchenopa sp., veio à minha mente a ideia. Existe algo que precisa ser feito, poucos estão fazendo. Assim nasceu o Insetologia - Identificação de Insetos. Lançado oficialmente em Outubro de 2012, com orgulho posso dizer que já são quase 200 espécies diferentes registradas aqui, as principais ordens, famílias, espécies bonitas, exóticas, benéficas, perigosas. Já temos registros de todas as regiões do Brasil menos a Nordeste e, para minha surpresa, até mesmo da Argentina.

Quero agradecer a todos os colaboradores (se esqueci alguém, me desculpa e me avisa!): Silvio Steinhaus, Luis Fernando, Wolf Walz, Gabriel Ajeje, Débora Faoro, Felipe Brandão, Mag Reck, Tami, Luiz Augusto, Keka, Murilo Reis, Evandro Souza "Djow", Eder Figueiredo, Cristian Bergl, Sant'anna Silveira, Luciana Guerra, Elma Carneiro (Caliandra do Serrado), Macarena Casuso (Argentina), Bruna Karádi, André Firmiano, à Jacque, à minha irmã, os parceiros Lúcia Lopes (LuxLúcia), Eliane (DigiPhotus) e Maxwel Rocha, à Jean Carlos Locatelli do grupo ABENA, aos biólogos Eduardo Fox e Amir Weinstein pela ajuda, Marcelo Naconeski pela divulgação no FaceBook, a Daniel Marlos e WTB? pelo apoio e divulgação e a todos os visitantes que tornam este trabalho possível.

Muito obrigado de coração e um feliz 2013 a todos!

Cesar Crash / Insetologia - Identificação de Insetos




Atualização: Eduardo Fox Acho que a formiga poderia ser Camponotus crassus. Se vc lembrar do comportamento, pode ajudar a identificar... Essa espécie é bem rápida e assume a postura de "esguichar veneno" na hora em que sente perigo.


Cesar: Hum, agora já não sei mais, mas acho que rápidas elas eram muito sim.

Mariposa Mandarová da Seringueira ou da Mandioca no Rio de Janeiro

Olá César, tudo bem?
Essa mariposa(?) apareceu aqui em casa à noite no dia 26.12.2012 na cidade de Cordeiro-R.J.
Um abraço,
Lúcia Lopes
      Lúcia, você deveria confiar mais os seus instintos. Esta certamente é uma mariposa e, apesar de ter um "formato" um tanto diferenciado, seus olhos não negam: Esta é uma mariposa da família Sphingidae, Erinnyis ello, da subfamília Macroglossinae. Muito tímida, esconde sua beleza sob as asas, como pode ser vista neste exemplar vendido a dez dólares. O nome comum mandarová-da-seringueira (claro, referindo-se à sua larva) está registrado neste trabalho AQUI. O mesmo texto diz:
"Sua distribuição geográfica é ampla por causa da aerodinâmica do seu corpo, que permite voar a grandes distâncias. Essa praga se estende por toda a América do sul e América central, sendo detectada na América do Norte até a fronteira com o Canadá. No Brasil essa praga ocorre, principalmente, durante os períodos de setembro a fevereiro, com ataques diferenciados conforme as regiões e normalmente associados às altas temperaturas e ao início da estação chuvosa, podendo não ocorrer em determinados anos agrícolas. (FAZOLIN, M., et al. 2007)"
     Este indivíduo é uma fêmea e imagens semelhantes, com as asas fechadas, podem ser vistas nesta galeria em Discover Life.
     Outros nomes comuns são mandarová-da-mandioca e gervão como consta neste documento da Embrapa e sua larva possui o interessante aspecto de possuir um único e grande olho como visto nesta imagem em BugGuide.

Lúcia Lopes: Olá, Cesar!
Obrigada mais uma vez! Valeu!
Um abraço,
Lúcia Lopes

Atualização 11/01/2.013: Há um registro de um comportamento agressivo de defesa nesta espécie pelo fotógrafo Robert Oelman.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Aranha Lince Hamataliwa sp. em São Paulo

A foto 05 é de uma pequena aranha encontrada na região de Araraquara, com o tamanho +- 1,5 a 2cm
Silvio, de São Paulo.
     Quanto a esta aranha, os olhinhos estão perfeitos. Dois olhos médios em cima, uma fileira de quatro olhos abaixo, sendo os dois do canto médios e os dois centrais grandes, mais dois olhinhos miudinhos e juntinhos embaixo. Conforme esta imagem do BugGuide AQUI: aranha lince, família Oxyopidae, com três gêneros naquele arquivo do RS. Baseado em semelhança com os outros indivíduos destes gêneros, cheguei no gênero Hamataliwa, e então nesta imagem no Flickr. Porém, aquele arquivo registra H. bituberculata, este outro, H. constricta.
     Minha nelhor identificação: Aranha Lince, Hamataliwa sp.,  família Oxyopidae.

Silvio: Obrigado Cesar, em breve mandarei mais algumas fotos para você.
Feliz ano novo.
Att.
Silvio Steinhaus

Cesar: Feliz ano novo!

Aranhas do Rio Grande do Sul 3 de 3: Aranha de Teias Douradas

As fotos em anexo, são de aranhas do Norte do Rio Grande do Sul,
(...)
A foto 04, Foto do dorso de aranha de teia, encontrada em um quiosque na região, tamanho +- 6 a 8 cm.
(...)
Silvio, de São Paulo.
          Silvio, sem dúvida, esta é a visão ventral da aranha, não a dorsal.
          Esta é a mais fácil de todas, tive uma dúvida quanto a coloração das perninhas, já que muitas imagens de Nephila clavipes (Nephilidae) mostra pernas amarelas como nesta imagem AQUI. Cheguei à conclusão que a variedade norte-americana é assim, mas as nossas são como esta que você registrou, que pode ser comparada com esta AQUI e que está confirmada a identificação nesta imagem no Instituto Butantan. As aranhas Nephila são conhecidas pelas suas teias douradas. Não sei quais fatores influenciam nesta coloração, mas nesta imagem, isso se nota claramente.

Aranhas do Rio Grande do Sul 2 de 3: Aranha-de-jardim Architis

As fotos em anexo, são de aranhas do Norte do Rio Grande do Sul,
(...)
A foto 02 é de uma pequena aranha com cerca de 1,0 cm, foto tirada com a aranha dentro de uma flor.
(...)
Silvio, de São Paulo.
Aqui, nós continuamos com o mesmo problema: falta de referências fotográficas, o que impede uma identificação específica.

Ótimo seria, se tivéssemos uma boa visão dos olhos da aranha, que são perfeitos para identificação, mas penso que esta imagem de Ênio Branco seja convincente como sendo a mesma espécie ou, no mínimo, mesmo gênero. Duas fileiras com quatro olhos cada, olhos grandes em cima, pequenos em baixo como pode ser vista nesta imagem do BugGuide AQUI. A identificação do Ênio me parece confiável, Architis sp., família Pisauridae.

De acordo com Wikipedia, aranha-de-jardim é um nome comum, embora este nome seja também usado para Lycosidae (aparentadas na superfamília Lycosoidea). Não ligue para a informação do Wikipedia sobre o desenho de seta no abdome, que inclusive é característico de Lycosidae.

Aranhas do Rio Grande do Sul 1 de 3: Aranhas Lobo

As fotos em anexo, são de aranhas do Norte do Rio Grande do Sul,
A foto 01 é de uma aranha que costuma se esconder em baixo de pedras, e tem +- 5 cm de comprimento com as patas abertas.
(...)
A Foto 03, aranha com as mesmas informações que a foto 01, só que esta tem cerca de 7cm
(...)
Silvio, de São Paulo
     Olá, Silvio. Uau! Cinco fotos de aranhas, meu ponto (mais) fraco! Estou postando as imagens em postagens separadas, por que penso que ajudará no futuro, na busca de imagens quando as pessoas estiverem fazendo pesquisas.
     Estas duas Silvio, eu creio que são a fase jovem e adulta de uma mesma aranha, na última imagem eu fiz detalhes do abdome que me fazem estar (quase) certo disto. Vou basear as pesquisas neste documento: Lista das espécies de aranhas (Arachnida, Araneae) do estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
     Para mim, tudo indica que esta aranha é uma aranha-lobo da família Lycosidae, gênero Lycosa. Estou muito familiarizado com uma espécie, a L. erythrognatha, que vive me fazendo visitas e não me parece ser uma. Já as demais espécies listadas naquele documento, faltam referências fotográficas na internet, o que me impede de dar uma identificação no nível da espécie, portanto: Aranhas-lobo, Lycosa sp.
     Embora não sejam realmente perigosas, não recomendo o manuseio.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Aranha Vermelha em Santa Catarina

Olá
Me deparei essa semana com algumas aranhas "diferentes" nas arestas da minha casa.
Hoje consegui capturar uma e gravei um vídeo, a fim de que eu possa obter alguma resposta se essa aranha é ou não venenosa.
Estou muito preocupado, pois acho que ela tem algumas características da aranha marrom.
Postei um arquivo JPEG aqui contendo três imagens da aranha para análise.
Segue também o vídeo
Aguardo uma resposta, se possível, urgente, pois quero evitar todos os riscos que essa aranha possa apresentar.
Luis Fernando de Joinville, Santa Catarina.

Olá, Luis, tudo bem?

Esta coisinha miudinha não é uma aranha-marrom. Esta é uma aranha-vermelha-doméstica Nesticodes rufipes da família Theridiidae, mesma família da viúva-negra, outra entre as aranhas mais venenosas do mundo. Aí você me diz Oh! Meu Deus!, e eu te digo, calminha Luis...

Esta pequena aranha é totalmente inofensiva, pelo menos para nós humanos. Nossa leitora e grande contribuinte Lúcia Lopes, nos passou uma informação do Instituto Butantan: N. rufipes é predadora natural da aranha marrom. Enquanto você tivé-las por perto, estará um pouco mais longe das aranhas-marrom.

Nesta postagem, você pode ver como, sem medo, eu ponho o dedo nela, e ela apenas o inspeciona com curiosidade. Ela parece um tanto diferente, por que o indivíduo na minha foto é um macho, e esta que você encontrou é uma fêmea. Esta foto combina perfeitamente com as suas, inclusive nas risquinhas brancas no abdome, e elas estão juntas, Nesticodes e viúva-negra nesta página AQUI.

Luis: Obrigado MESMO Cesar!!
Fico grato pela rápida e eficiente resposta.
Feliz Ano Novo pra você!
Um grande abraço

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mosquito Macrocera em São Paulo

     Este é um mosquito da família Keroplatidae, gênero Macrocera (se referindo a suas longas antenas). Parece haver pouquíssimas referências sobre estes bichinhos em português, mas suas larvas são predadoras de outros insetos, usam teias pra se locomover e matam suas presas com ácido! Apesar de ser tão pequenininho, é possível distinguir que este indivíduo é um macho.
     Este foi fotografado no Parque Estadual do Jaraguá em Dezembro de 2012.

Vaga-lume no trem de São Paulo!

     Dentro do trem de São Paulo, apareceu este vaga-lume que pousou na Nicole e foi fotografado na mão da Janine. Parece se tratar de alguma espécie de Pyractonema (Lampyridae, Lampyrinae, gênero que não deve ser confundido com Pyractomena). Conforme este blog, devido ao grande dimorfismo sexual, este é certamente um macho.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Opilião em São Paulo

Assim que eu encontrei este bichinho ele me disse: Por favor, Cesar, fala pra todo o mundo que EU NÃO SOU UMA ARANHA!

Eu disse: Tá bom, seu opilião, eu falo. Este é um opilião da ordem Opiliones, aparentado das aranhas na classe Arachnida, e facilmente diferenciado das mesmas por possuírem tórax e abdome fundidos. Também não possuem veneno algum, ao contrário das aranhas que quase todas possuem veneno (apesar de, em geral, inofensivo). Não produzem seda, são em geral onívoros, produzem mal cheiro se perturbados.


A fertilização é direta, salvo casos de espécies partenogênicas. Usam o segundo par de pernas como antenas para inspecionar o ambiente (foto ao lado). Quando em perigo, podem fingir-se de morto ou destacar uma das pernas, que continuará se movendo.

Wikipedia, nos dá mais uma série de nomes comuns: aranha-alho, aranha-bode, aranha-cafofa, aranha-de-chão, bodum, fede-fede, giramundo, temenjoá ou tabijuá.

Pronto, seu opilião!

Atualização 04/02/13: De acordo com Ricardo Pinto da Rocha, pesquisador da USP, ao contrário do que afirma a Wikipedia: "sua picada é dolorida, apesar de serem muito raros os casos de picadas por esses animais", opiliões não picam, não mordem e não transmitem doenças. E este parece ser uma fêmea de Gonyleptidae, Heteropachylinae (subordem Laniatores).

De acordo com a Wiki em inglês, a família Gonyleptidae é uma família neotropical e nela estão os maiores opiliões conhecidos.

Obrigado Ricardo!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Larvas de Lepidópteros em São Paulo

Eu achei essa lagarta, no capim, no mês de março, na cidade de Pedro Leopoldo MG, foi a primeira e única vez.Sei que é da família Papilionidae devido a presença de osmídia.
A lagarta da imagem abaixo também não sei aidentificação só sei que ela aparece em grande quantidade nas árvores.
Wolfgang Walz Hillermann de São Leopoldo, Minas Gerais.
Fotos: Wolf Walz
Olá, Wolf!

Cara, a primeira coisa que eu pensei quando vi sua galeria no Flickr, e isso antes do pedido de identificação, foi: Uau! Ele entende muito de lagartas, esta com certeza será uma boa fonte de pesquisa!

Desta forma, estas eu não digo que são lagartas que eu não pude identificar, mas que são lagartas que "nem o Wolf pôde identificar!"

Lagartas são difíceis. Existem muitas larvas muito diferentes no mesmo gênero e outras muito semelhantes em famílias diferentes. Além disso, a mesma larva pode ter aparência muito diferente em em diferentes ínstares, e Papilionidae são muito boas nisso.

Apenas como registro da pesquisa, pode ser que ajude, a primeira deve sim ser uma Papilionidae, e eu achei mais parecida com as do gênero Eurytides. Este órgão conheço por osmetério ou osmeterium. Se por um lado é estranho que esteja difícil identificar uma Papilionidae, por outro lado não é nada estranho que não se consiga identificar uma espécie brasileira. Quem sabe por exemplo, pode se tratar de E. ballerophon, com presença confirmada em MG AQUI, mas que não encontro uma só imagem de sua larva.

As da segunda foto, achei muito parecida com esta Letoprosopus (Erebidae), mas por esta estrutura amarela atrás, apesar de peludinhas, penso que estão mais próximas desta Symmerista (Notodontidae).

Espero que, com algum tempo eu possa te dar mais informações, assim que tiver entrarei em contato. Para não passar em branco, esta AQUI na sua galeria, é a mesma que encontrei fontes dizendo se tratar de Hylesia sp.

Estou também criando a tag de não identificados, para leitores que queiram se aventurar nas identificações.

Atualização Mar/2021 - Kel: Achei como Protesilaus protesilaus
E essa mesmo
Lá no grupo de borboleta id como isso aí
Você pode editar lá pra atualizar

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Percevejo do Maracujá em São Paulo

O que mais me chamou a atenção nesse bicho foi suas perninhas traseiras. E um detalhe que não consegui registrar é que seu tórax é listrado de verde e laranja.
Gabriel Ajeje de Campinas, São Paulo.
Não tenho dúvidas de que este é um dos mais belos hemípteros do mundo. Este é o percevejo pés-de-folha amazônico Diactor bilineatus (Coreidae: Coreinae: Anisoscelini), conhecido popularmente por percevejo-do-maracujá, por viver e se alimentar somente em pés-de-maracujá, onde ele é uma das principais pragas, conforme registrado neste documento da Embrapa. Na minha opinião, as listras laranjas estão bem visíveis, Gabriel, característica que inclusive lhe dá o seu nome de espécie, "bilineatus".

Veja um registro semelhante deste inseto sobre a mão nesta imagem no Flickr.

Besouro-Soldado no Rio Grande do Sul

Olá Cesar,
Mais uma vez parabéns pelo blog, estou encantada. Estou enviando a foto do percevejo-de-renda que identificaste e mais um inseto que eu particularmente achei muito bonito. Ambas as fotos foram tiradas em Ibirubá-RS. Durante um pescaria, na beira do rio, percebi a presença deste inseto e tirei algumas fotos. Abraços.
Débora
Débora, este besouro é de fato muito lindo, mas devo te dizer que ele não é muito de confiança, pois me enganou direitinho...

Apesar de logo de cara o achar um tanto diferente, eu comecei procurando por crisomelídeos como ESTE e ESTE, encontrados nesta página. Aliás, ele não se parece com o verdinho nos desenhos aqui do lado direito? Mas procurando por Cantharidae, não foi difícil encontrar em Pybio.org (do Paraguai) imagens muito semelhantes a esta. Está claro que existe muito pouca informação sobre estes bichinhos, mas encontrei imagens no Flickr AQUI e AQUI que me fazem entender que este bichinho é na verdade uma menininha. Na segunda imagem, ele está identificado como Chauliognathus flavipes, e a presença desta espécie está confirmada no RS AQUI, junto com outra espécie aparentemente muito semelhante, o Chauliognathus fallax. Esta página fala sobre as variações de manchas entre indivíduos da mesma espécie.

O que me despistou no início foi o fato deste ser um bichinho largo, enquanto a maioria dos cantarídeos são fininhos. Estes, podem não parecer, mas são mais aparentados dos vaga-lumes! Adultos se alimentam de néctar e pólen, larvas sugam os fluidos de larvas e ovos de outros insetos, fazendo deles, além de muito bonitos, insetos benéficos.

Estou contatando o autor da identificação no Flickr na esperança de que ele possa confirmar a espécie e nos dar mais informações.

Percevejos-de-Renda no Rio Grande do Sul

Foto: Débora Faoro Flickr
     Estes são percevejos-de-renda, hemípteros da subordem Heteroptera, família Tingidae, fotografados por Débora Faoro, no Rio Grande do Sul. O gênero certamente é o Gargaphia e, como disse no Flickr, tendo confirmado a planta como uma Tília, identificaríamos os insetos como Gargaphia tiliae, porém a planta foi identificada pela Débora como sino-amarelo.
     De acordo com American Insects, as fêmeas de Gargaphia sp. (a exemplo de outros heterópteros) protegem seus ovos e filhotes. Se a mãe for removida, os predadores reduzem a prole a praticamente zero e, mesmo com a proteção das mães, cerca de 40% dos filhotes são mortos por predadores. Explica também que já foram observadas fêmeas depositando ovos entre ninhadas de outras fêmeas, passando a responsabilidade para as outras!
     Percevejos-de-renda se alimentam de folhas de árvores e arbustos, deixando pequenos pontos amarelos (como visto no canto inferior esquerdo da imagem) e, às vezes, causando a morte das folhas.
     Muito obrigado pela imagem, Débora!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Borboleta-Coruja no Rio de Janeiro

Foto: Maxwel Rocha Blogger Flickr
As borboletas do gênero Caligo (Nymphalidae, Morphinae/Brassolinae), são borboletas de grande porte e que impressionam pelos grandes olhos estampados nas asas, os quais lhe dão seus nomes comuns: Borboleta coruja, Borboleta Olhos-decoruja ou Corujão. O detalhe na asa parece indicar que se trata de Caligo brasiliensis e este PDF confirma a presença da subespécie Caligo brasiliensis brasiliensis no estado Rio de Janeiro, onde foi fotografada por Maxwel Rocha em julho de 2010.

Mariposa Esmeralda no Rio de Janeiro

Olá César!
Essa mariposa(?) apareceu em minha casa à noite no dia 14.12.2012 em Cordeiro-R.J. e só consegui tirar uma foto. Ela é pequena, bem diferente e muito linda!
Aguardo a identificação.
Um abraço,
Lúcia Lopes
     Esta é uma mariposa-esmeralda (Geometridae, Geometrinae). As larvas das mariposas Geometridae são conhecidas por mede-palmos, pelo jeito peculiar que se locomovem. Dentre estas mariposas, a subfamília Geometrinae é facilmente reconhecida pela coloração verde que lhes dá seu nome comum.
     O gênero mais provável para esta é o Oospila, veja algumas espécies encontradas no Brasil AQUI e AQUI. As anteninhas parecem indicar que este indivíduo é um macho.

Lúcia: Obrigada, Cesar! São lindas mesmo. Um abraço!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Barata-do-coqueiro em São Paulo

Quero saber qual a especie desse bicho, e o que ele faz.
Felipe da cidade de Santos, São Paulo.
     Felipe, este bichinho é uma barata-do-coqueiro Coraliomela tetramaculata (Chrysomelidae: Cassidinae: Alurnini, ant. Hispinae). Como você bem observou (pelo nome da foto) este bichinho não é uma barata de verdade, mas um besouro e, segundo Wikipedia, este nome comum se refere principalmente à aparência de sua larva e nos dá mais alguns nomes comuns: barata-das-palmeiras, falsa-barata-do-coqueiro e lesma-do-coqueiro. Existe pouca informação sobre esta espécie, mas C. brunnea, espécie irmã, é considerada uma das principais pragas dos coqueiros e esta espécie não deve ser muito diferente.

     Felipe: Muito obrigado, eu moro em Santos e vi esse inseto ontem, no estacionamento do meu prédio, conhecia como besouro mas não sabia exatamente qual era... muito obrigado.

Ninfa de Esperança em Santa Catarina

Olá!!
Olha que coisa mais amada esse coloridinho aqui... Apareceu agora no verão, gosta de caminhar durante o dia por entre as plantas, principalmente verdes-vivo e devido as longas pernas traseiras e pulos extraordinários pro seu tamanho, penso que seja da família dos gafanhotos, não?
HELP! :D
Magda de Imbituba, Santa Catarina
Olá mais uma vez, Magda!

Mag, eu vou te dar um meio certo. Você acertou ao identificá-lo como parente dos gafanhotos, mas errou no grau do parentesco. Esta é uma ninfa de esperança, aparentado dos gafanhotos na ordem Orthoptera. Gafanhotos pertencem à subordem Caelifera, já as esperanças, junto com os grilos e paquinhas, pertencem à subordem Ensifera. Devido esta criaturinha ser ainda um bebê (isto se nota facilmente pela ausência de asas), a identificação de espécie se torna muito difícil mas, baseado NESTA e NESTA imagem do BugGuide, este indivíduo é provavelmente uma esperança-folha do gênero Microcentrum (Tettigoniidae, Phaneropterinae).

Magda: Oi César! Bom dia!!
Que legal, tenho várias esperancinhas no meu quintal!! Hehehe
To adorando essa idéia de identificar esses danadinhos!! Qdo nao conseguir identificar pelo site, vou postando as fotos p vc!!
BOAS FESTAS, muita luz, paz e $ucr$$o em 2013!!
T+ ;)
Sds. / B.Rgds,
Magda Reck

Cesar: Sem muita "esperança" de $ucr$$o por aqui, mas enfim, amando as pequenas coisas que fazem parte de nossa vida, daí vem a nossa verdadeira alegria. Até mais!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Escaravelho Gymnetis em São Paulo

Esse besouro foi encontrado no mês de junho na cidade de Altinópolis, nordeste do Estado de São Paulo, no quintal de uma residência. Não sei se é valido dizer, mas a cidade é cercada por cafezais e plantações de cana e eucalipto (sendo frequente a visualização de diversos insetos-praga na cidade não sei se é o caso desse besouro. Ao toque, a textura dos eritros era semelhante à camurça. Foi o único exemplar que vi desse animal. Espero que possa identificá-lo! Obrigada!
Tamara de Altinópolis, São Paulo.

     Olá, Tamara!
     Pelo nome da foto, vejo que você identificou corretamante a família deste escaravelho Gymnetis (Cetoniinae, Scarabaeidae). Os besouros da subfamília Cetoniinae se alimentam de pólen quando adultos, larvas podem se alimentar de raízes, mas não creio que este possa se tornar uma praga.
     A espécie é provavelmente Gymnetis flaveola, com presença confirmada no Brasil AQUI. Embora esta imagem não combine muito pelo fato do bichinho estar muito escuro, ele se parece muito com este registrado em Les Coleopteres e a mesma foto se repete em The Bug Maniac, vendido a €3,16. Mas como flaveola significa "amarelo", não descarto a possibilidade deste outro nas fotos também terem escurecido, o que é normal em bichinhos conservados e este então ser ainda outro Gymnetis.

     Tamara: Muito obrigada César! Fiquei fã do Blog! Acompanharei sempre!

     Cesar: Obrigado, Tami! Infelizmente existe muito pouca informação sobre nossas espécies, e esta é um tanto desprivilegiada, por falta de referências.
     Só ontem foram 4 pedidos de identificação, isto foi um recorde!

Aranha Argiope no Rio de Janeiro

Bom dia, meu nome é Luiz Augusto sou estudante de Biologia e fotógrafo ambiental, achei o seu site muito interessante e importante para novas descobertas e a troca de informações. Tirei a foto dessa aranha no meu sítio, apesar delas terem as teias diferentes acredito que sejam da mesma espécie, queria saber informações a respeito delas. Grato
Luiz Augusto de Teresópolis, Rio de Janeiro.

     Luíz, primeiro quero agradecer pelas suas palavras sobre o Insetologia. Muito obrigado!
     Com certeza, você está certíssimo, apesar da diferença no tipo de teia, ambas são aranhas do gênero Argiope (Araneidae). Nature Closeups explica muito bem a questão da diferença nas teias:
     "Elas estão entre um número relativamente pequeno de aranhas orbitelas que fazem uma decoração em suas teias, chamada estabilimento.
     A forma do estabilimento pode mudar conforme a aranha cresce. Aranhas jovens como esta podem criar um padrão denso e circular como mostrado aqui. Aranhas mais velhas podem criar desenhos mais dispersos de formas variadas (tradução minha)."
     Lá mesmo no Nature Closups, existe um link para Awesome Spiders. A da teia em forma de X combina com a do N.C. e a da teia circular combina com a de A.S., identificadas como Argiope savignyi com presença confirmada aqui em São Paulo neste documento (quinta página, numerada como 721), certamente ela também está no Rio de Janeiro. Ambas são dois estágios da mesma aranha, e nenhuma ainda é adulta, mas a da teia em X já deve estar amadurecendo. Quem sabe você consiga também fotografar uma adulta.
     De acordo com as propriedades da foto, a da teia redonda foi fotografada em Agosto e a da teia em X em Setembro, gostaria de saber se você confirma esta informação.

Luiz: Olá Cesar desculpe pela demora, as fotos foram tiradas no final de Agosto para Setembro (teia redonda 28/08/12 a teia em "X" foi em 04/09/12).

Cesar: Obrigado, Luiz. É muito interessante o registro da época de aparição dos bichinhos.

Borboleta Callicore no Rio de Janeiro

Foto: Maxwel Rocha Blogger Flickr
     Recentemente, eu havia falado sobre dois gêneros de borboletas conhecidas por 88, Diaethria, a mais comum e Callicore. Esta é uma Callicore (Nymphalidae, Biblidinae), fotografada por Maxwel Rocha em Novembro de 2011 em Niterói, Rio de Janeiro. Provavelmente trata-se de Callicore pygas, reunidas na mesma página para comparação entre os dois gêneros AQUI.
     A vespa da esquerda é alguma espécie de marimbondos do gênero Polistes.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mariposa Phobetron em São Paulo

Olá!
Esse bichinho tem aparecido com frequência na minha casa.
Época: Dezembro 2012
Keka de São Paulo, SP.
Keka, é possível que eu não esteja entendendo muito bem a imagem. Mas pra mim, parece ser uma larva, ou quem sabe uma fêmea adulta de mariposa da família Psychidae, que constroem casinhas com materiais encontrados no ambiente, e uma seda que elas mesmas produzem.

Atualização Jun 2015: Sem dúvida, este bicho é uma Phobetron sp. (Limacodidae).

Mariposa Manduca rustica em São Paulo

     Esta grandalhona é a mariposa Manduca rustica (Sphingidae, Sphinginae), encontrada no Pico do Jaraguá, São Paulo em Novembro de 2012. Este arquivo do JBRJ dá a entender que foi encontrada fora de época. Quem morar em São Paulo e quiser ver este tipo de mariposa, este é um lugar perfeito pra observá-las. Foram três espécies diferentes de Sphingidae encontradas em dois dias de visitas. Esta, sua irmã Manduca florestan e Agrius cingulata.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Assassino-de-Abelhas em São Paulo

 
     Este é um percevejo assassino-de-abelhas (Reduviidae Harpactorinae), aparentado de nosso querido percevejo-de-crista. A espécie é provavelmente Apiomerus pilipes, embora careça de confirmação de sua presença na região.

Mariposa Cosmosoma no Rio de Janeiro

Olá Cesar, tudo bem?
Veja que inseto lindo! Fotografei em Cordeiro-R.J. no dia 13.12.2012.
Um abraço,
Lúcia Lopes
Esta é uma mariposa Cosmosoma (Erebidae, Arctiinae), provavelmente Cosmosoma auge. Acredita-se que sua morfologia serve para imitar vespas e afugentar possíveis predadores. Eu não dou total certeza da espécie por causa de uma diferença na coloração do tórax em algumas imagens como esta AQUI, mas eu acredito que esta diferença está no nível da subespécie. Esta mariposa foi registrada aqui no mês passado. As antenas parecem indicar que aquela era uma fêmea e este um macho.

Gafanhoto Brasileirinho no Rio de Janeiro

Foto: Maxwel Rocha Blogger Flickr
     Este lindo gafanhoto fotografado por Maxwel Rocha em Novembro de 2010 é Chromacris speciosa. Wikipedia nos dá mais uma série de nomes comuns: gafanhoto-bandeira, gafanhoto-menor, soldadinho e soldado. Está listado neste documento da Embrapa como um dos gafanhotos-praga endêmicos da América do Sul. Este outro, cita uma série de culturas onde ele tem potencial para devastar: batata, arroz, cana-de-açucar, girassol, fumo e tomate.

Maxwel: Beleza Cesar, ficou bem legal a postagem, o blog está cada vez mais completo!
Abs!